Pavilhão do Brasil na Bienal de Veneza explora infraestruturas ancestrais e projetos contemporâneos

A participação do Brasil na 19ª Mostra Internacional de Arquitetura – La Biennale di Venezia será marcada pela exposição (RE)INVENÇÃO, com curadoria dos arquitetos Luciana Saboia, Matheus Seco e Eder Alencar, do grupo Plano Coletivo.

A iniciativa, promovida pela Fundação Bienal de São Paulo em parceria com os Ministérios da Cultura e das Relações Exteriores, propõe uma reflexão sobre as conexões entre natureza e cidade, explorando infraestruturas ancestrais e suas possíveis ressignificações no Brasil contemporâneo.

A narrativa da exposição se desdobra em dois atos. No primeiro, a mostra revisita descobertas arqueológicas recentes na Amazônia, revelando como povos indígenas moldaram a paisagem há mais de 10 mil anos.

Esses grupos desenvolveram infraestruturas sofisticadas, integrando conhecimento técnico e manejo ambiental equilibrado, criando paisagens que eram resultado direto da ação humana.

Segundo os curadores, esse modelo contrasta fortemente com o atual modelo de exploração da Amazônia, frequentemente associado à devastação.

Eder Alencar, Matheus Seco e Luciana Saboia. Foto © Maressa Andrioli

O segundo ato desloca o olhar para o presente, investigando como a arquitetura e a infraestrutura podem ser ressignificadas nas cidades brasileiras.

 A exposição reúne pesquisas e práticas que reconhecem o valor das estratégias projetuais herdadas, explorando operações que reutilizam e reinterpretam espaços construídos.

Os curadores defendem uma visão expandida de infraestrutura, que vai além de sua dimensão física e funcional, considerando também seu impacto simbólico e social.

Restaurante Coati, realizado por Lina Bo Bardi e João Filgueiras Lima, 2014. Foto © Joana França

Um dos destaques da exposição é a Plataforma-Jardim, que retrata como uma estrutura linear com jardim em toda a sua extensão, que anteriormente necessitava de constante irrigação, foi substituída por espécies nativas ou adaptadas à temporalidade do Brasil Central.

O jardim naturalista, composto por flores, capins e plantas savânicas, segue o ciclo de sazonalidade do Cerrado, enfatizando a integração com o meio ambiente e a valorização de técnicas sustentáveis.

Essa abordagem dialoga com outras soluções projetuais apresentadas na mostra, que demonstram como a apropriação e a reinvenção de estruturas existentes podem gerar novas identidades e usos para a cidade.

Jardim de Sequeiro, Instituto Central de Ciências, Universidade de Brasília, Brasil, 2023. Foto © Julio Pastore

A proposta curatorial também explora a materialidade da instalação no Pavilhão do Brasil, reconfigurando seus espaços internos com elementos mínimos.

O projeto divide-se em duas salas: na primeira, todos os elementos da instalação estão apoiados no chão, criando um diálogo direto com o espaço existente.

Na segunda, a estrutura se equilibra a partir de painéis de CLT, pedras utilizadas como contrapeso e cabos de aço, formando um sistema tensionado que se mantém suspenso por forças de ação e reação.

Esse conceito estrutural não apenas reforça a relação entre leveza e estabilidade, mas também permite que os materiais utilizados possam ser remontados ou reciclados após a exposição.

Estudos de pesos e contrapesos, 2025, por Plano Coletivo. Cortesia da equipe curatorial

O conceito curatorial da participação brasileira se alinha diretamente com o tema geral da Bienal de Veneza, “Intelligens. Natural. Artificial. Collective.”, proposto por Carlo Ratti.

A exposição responde à provocação do curador italiano ao examinar como diferentes formas de conhecimento, tanto ancestrais quanto contemporâneas, moldam os territórios e as dinâmicas urbanas. Ao destacar a relação entre saberes tradicionais e inovação, (RE)INVENÇÃO propõe uma reflexão sobre o papel da arquitetura na construção de um futuro mais sustentável e integrado à natureza.

expresso.arq com informações do Archdaily Team

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