Diferenças e avanços da pedra sintética em relação à natural

As pedras encontradas no mercado de construção são muito valorizadas e conferem estética sofisticada aos projetos de decoração. Existem as naturais e as sintéticas, produzidas de forma industrializada. No entanto, cada tipo tem particularidades e aplicações de uso. Conversamos com profissionais da área para esclarecer as diferenças. Confira!

Mesa de jantar feita de pedra natural, o mármore branco Paraná, desenhada pelo escritório PKB Arquitetura, que assina também o projeto de interiores — Foto: Denilson Machado / MCA Estúdio/ Divulgação
Mesa de jantar feita de pedra natural, o mármore branco Paraná, desenhada pelo escritório PKB Arquitetura, que assina também o projeto de interiores — Foto: Denilson Machado / MCA Estúdio/ Divulgação

Pedras naturais x sintéticas

Segundo a arquiteta Patricia Penna, responsável pelo escritório Patricia Penna Arquitetura & Design, as pedras naturais são encontradas em jazidas resultantes de processos naturais de formação desde o desenvolvimento da crosta terrestre. Em relação às sintéticas, Olívia Orlandine, diretora de compras da VM Stone, diz que vale a pena explicar sobre as terminologias do mercado de construção.

“Quando falamos em pedra natural e sintética, podemos estar abordando esmeraldas, rubis, diamantes e afins, que existem de forma rara no meio ambiente, mas que passaram a ser fabricadas de forma sintética em laboratórios. No caso da construção, é mais comum aplicarmos o termo sinterizado do que sintético, pois descreve melhor a forma de fabricação”, explica.

A pedra sinterizada tem alguns sinônimos, como lâmina ultracompacta ou porcelanato técnico de alto desempenho, mas comunicam o mesmo produto: as lâminas sinterizadas. “Neste processo de fabricação, os revestimentos sintéticos são compostos feitos a partir de minerais extraídos da natureza, como o quartzo, ‘misturados’ a elementos sintéticos, formando materiais que, em aspecto e resistência, aparentam muitas vezes às pedras naturais”, diz Patricia.

Tipos de pedras naturais

Como este tipo de pedra é extraído de jazidas provenientes de sua formação na natureza, têm grande variação estética, com muitas características particulares e, por essa razão, com muita beleza e funcionalidade para uso na arquitetura e decoração.

Exemplos de pedras naturais são: mármore, granito, quartzito, ardósia, limestone, travertino, dolomito, basalto e ônix, entre outras.

Nesta cozinha, o uso do material sinterizado Laminan garante aspecto de pedra natural com a funcionalidade de resistência a riscos, calor e manchas. Projeto da arquiteta Patricia Penna — Foto: Leandro Moraes / Divulgação
Nesta cozinha, o uso do material sinterizado Laminan garante aspecto de pedra natural com a funcionalidade de resistência a riscos, calor e manchas. Projeto da arquiteta Patricia Penna — Foto: Leandro Moraes / Divulgação

Tipos de pedras industrializadas

Pedra sintética

É criada em laboratório para imitar as características físicas, químicas e estruturais de pedras naturais. Olívia explica que o processo de produção envolve a recriação das condições naturais de formação das pedras (como pressão e temperatura) em um ambiente controlado. O objetivo é produzir pedras com a mesma composição química e estrutura cristalina das naturais.

A composição química das pedras sintéticas é a mesma das naturais que elas imitam. Por exemplo, um diamante sintético é composto de carbono, assim como um natural. As aplicações são principalmente na joalheria, em que a estética e as propriedades físicas das pedras, como dureza e brilho, são fundamentais.

Pedra sinterizada

A pedra sinterizada é um material industrializado feito a partir de uma mistura de matérias-primas naturais, como quartzo, feldspato, argila e óxidos metálicos, compactados e aquecidos a altas temperaturas em um processo chamado sinterização, como os compostos de quartzo, como Corian e Silestone, e as lâminas sinterizadas, como XTONE, Laminam e Dekton.

“Durante a sinterização, as partículas da matéria-prima são compactadas e aquecidas a temperaturas próximas do ponto de fusão (sem atingir o estado líquido), resultando em uma superfície altamente densa e resistente”, explica Olívia.

Geralmente, é composta por minerais naturais (como sílica, feldspato e outros), que são sinterizados para formar uma estrutura sólida e homogênea, cuja aplicação é ideal para construção e decoração, incluindo revestimentos de paredes e fachadas, pisos, bancadas de cozinha e móveis. As lâminas sinterizadas são conhecidas por sua alta resistência a riscos, calor, manchas e radiação UV, além de serem disponibilizadas em placas de grandes tamanhos.

Pedra industrializada

Este tipo de pedra é um material composto produzido a partir de uma combinação de agregados minerais, resinas, pigmentos e, em alguns casos, outros materiais, como pó de mármore ou quartzo.

Os agregados minerais são misturados com resinas e outros aditivos, moldados em formas específicas e curados sob condições controladas para criar um material uniforme e resistente.

A pedra sintética é composta por uma mistura de materiais, como quartzo triturado, mármore moído, resinas poliméricas e pigmentos, que criam um material homogêneo com propriedades controladas. Alguns exemplos incluem superfícies de quartzo, como Silestone e Caesarstone, superfícies de mármore composto, nanoglass, branco prime e outras pedras artificiais.

Sua aplicação principal também envolve a construção e decoração, especialmente em bancadas de cozinha, banheiros, pisos e revestimentos, já que oferece uniformidade e resistência em ambientes de uso intenso.

No projeto da arquiteta Sabrina Salles, a mesa tem tampo de lâmina sinterizada Paonazzo Biondo da XTONE, da VM Stone — Foto: Rafael Renzo / Divulgação
No projeto da arquiteta Sabrina Salles, a 

Características

As pedras naturais têm uma estética única, como uma “digital”, pois são moldadas em um processo natural. “Sua porosidade nata as torna mais suscetíveis a danos. Seu uso precisa ser avaliado caso a caso e, quase sempre, demandarão a aplicação de produtos para impermeabilização da superfície”, diz Patricia.

Materiais sintéticos também têm suas limitações quanto à aplicação em áreas com insolação e calor, além de alguns serem extremamente frágeis a impacto e abrasão. “Contudo, há aqueles produtos que são muito mais resistentes que os materiais naturais – como as lâminas sinterizadas – em todos os aspectos”, avalia a arquiteta.

Vantagens e desvantagens

O visual natural do mármore travertino rústico dá charme à parede do living no projeto do escritório Patricia Penna Arquitetura & Design — Foto: Leadro Moraes / Diuvlgação
O visual natural do mármore travertino rústico dá charme à parede do living no projeto do escritório Patricia Penna Arquitetura & Design — Foto: Leadro Moraes / Diuvlgação

Pedras Naturais

Vantagens

  • Beleza única e atemporal.
  • Alta durabilidade quando bem cuidadas.
  • Ampla variedade de tipos e cores.
  • Valor agregado ao ambiente.

Desvantagens

  • Maior porosidade em alguns tipos, exigindo cuidados especiais.
  • Suscetíveis a manchas e riscos em alguns casos.

Usos mais apropriados

  • Bancadas de cozinha e banheiro.
  • Pisos internos e externos.
  • Revestimentos de paredes.
  • Elementos decorativos.
O lavabo ganhou cuba esculpida de lâmina sinterizada Paonazzo Biondo da XTONE, da VM Stone, que remete à pedra natural. Projeto de Sabrina Salles — Foto: Rafael Renzo / Divulgação
O lavabo ganhou cuba esculpida de lâmina sinterizada Paonazzo Biondo da XTONE, da VM Stone, que remete à pedra natural. Projeto de Sabrina Salles — Foto: Rafael Renzo / Divulgação

Pedras Sintéticas

Vantagens

  • Maior resistência a manchas e riscos.
  • Menor porosidade, facilitando a limpeza.
  • Maior uniformidade na aparência.
  • Maior variedade de cores e designs.
  • Geralmente mais econômicas.

Desvantagens

Dependendo do fabricante, pode ter aparência mais artificial.

Usos mais apropriados

  • Bancadas de cozinha e banheiro.
  • Pisos internos e externos.
  • Revestimentos de paredes.
  • Fachadas.

Pedra natural é melhor?

Há um mito de que as pedras naturais seriam melhores que as sintéticas, mas os profissionais afirmam que tudo depende das necessidades e preferências de cada pessoa. Segundo Olívia, a melhor opção é aquela que atende aos requisitos do projeto, considerando fatores como:

  • Orçamento: as pedras naturais de alto padrão geralmente são mais caras que as lâminas, porém as de qualidade são mais caras que uma série de granitos.
  • Manutenção: as pedras naturais exigem mais cuidados, como impermeabilização constante, limpeza e cuidados extras com riscos em materiais polidos.
  • Aparência: a preferência por uma aparência natural ou mais moderna. “Um projeto rústico, por exemplo, ficaria melhor com pedras naturais do que lâminas sinterizadas”, diz Olívia.
  • Características técnicas: a necessidade de alta resistência a manchas, riscos e impactos. O peso estrutural de um projeto e o tamanho e peso das peças. Necessidade de ambiente altamente higiênico, como hospitais, laboratórios e áreas de alimentos.
Pedra natural, o quartzito Blue Roma, da Monolítica, foi o escolhido para esta cozinha projetada pelo escritório TAU Arquitetos, o que trouxe impacto visual com os veios da pedra — Foto: Carolina Lacaz / Divulgação
Pedra natural, o quartzito Blue Roma, da Monolítica, foi o escolhido para esta cozinha projetada pelo escritório TAU Arquitetos, o que trouxe impacto visual com os veios da pedra — Foto: Carolina Lacaz / Divulgação

Caso a caso

Tanto materiais naturais quanto sintéticos precisam ter sua aplicação avaliada caso a caso. Confira algumas dicas dos profissionais:

  • Em uma cozinha, por exemplo, Patricia diz que o ideal é um material que resista a impacto, manchas e abrasão. Logo, granitos e alguns quartzitos são excelentes opções. “Mármores não são indicados”, avisa.
  • As lâminas sinterizadas são o revestimento com menor porosidade do mercado, segundo Olívia. “Não faz sentido um chef usar uma tábua sobre uma banca de lâmina sinterizada, que é mais higiênica, mais resistente e, por isso, muito mais adequada ao preparo de alimentos. É o mais durável, pois não se altera na presença de intempéries, fogo, chuva, raios UVA e UVB”, diz.
  • Em banheiros, quase todos os materiais podem ser aplicados, segundo Patrícia. Porém, todo material demandará alguma atenção e cuidados específicos.
  • Compostos de quartzo podem desbotar com a incidência solar. “Mas são excelentes opções quando se deseja um material de aspecto compacto e uniforme”, afirma Patricia.

expresso.arq com informações de Rosana Ferreira

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