O que é arquitetura modernista: características, exemplos e principais arquitetos
A arquitetura modernista surgiu no início do Século 20, na Europa, com uma proposta comum a outros movimentos arquitetônicos e artísticos que vieram antes ou depois dela: romper com estilos tradicionais para criar algo novo. Descubra detalhes sobre a origem do movimento, suas principais caraterísticas e os nomes mais importantes.
O Brasil tem papel de destaque nesse cenário, concentrando alguns dos maiores nomes da arquitetura modernista do mundo, como Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e Vilanova Artigas, um dos principais arquitetos da chamada Escola Paulista de Arquitetura.
Ainda por aqui, a arquitetura modernista desempenhou um papel fundamental na formação da identidade cultural e urbana do país, refletindo, particularmente no nosso caso, um desejo de ruptura com o passado colonial e, por consequência, a busca por uma estética inovadora e mais funcional.
Arquitetura modernista: principais características
A arquitetura modernista introduziu uma estética que priorizava a funcionalidade e a simplicidade.
Influenciada por movimentos como a Bauhaus e Le Corbusier, a arquitetura modernista veio como uma resposta, digamos, ao exagero na forma de estilos anteriores. Daí, favorecer as linhas geométricas, privilegiar materiais industriais (como o concreto e o vidro), e propor um design que se integra ao ambiente natural.
Entre as características que definem bem essa proposta está o chamado princípio da função pela forma, ou seja, a premissa de que a funcionalidade de uma construção é mais importante do que sua aparência estética.
Esse conceito surgiu em resposta ao excesso de ornamentos que predominava em estilos arquitetônicos anteriores, como o barroco e o neoclássico. Influenciada por movimentos como capitaneado pela escola de arte e design alemã Bauhaus, fundada em 1919 por Walter Gropius, a arquitetura modernista defendia a ideia de que cada detalhe de um edifício deveria ter uma finalidade prática. O resultado foi uma estética limpa e minimalista, onde materiais como os já citados concreto e vidro, acrescido do aço, eram utilizados de maneira direta, evitando elementos decorativos desnecessários.
Um exemplo dessa abordagem é a Casa Farnsworth, projetada por Mies van der Rohe em 1951. A obra é composta por linhas simples e janelas amplas, com o objetivo de maximizar a integração entre o espaço interno e o ambiente externo. Em vez de embelezar com ornamentos, a forma da casa segue a necessidade de funcionalidade: cada parede de vidro foi projetada para proporcionar vistas desobstruídas da natureza ao redor, além de iluminar os espaços internos com luz natural.
No Brasil, é exemplo dessa característica o projeto da cidade de Brasília, assinado por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, e que previu edifícios e espaços públicos que incentivassem a circulação e a integração social.
Outra característica marcante e sempre citada em análises sobre a arquitetura modernista estão as linhas retas e as formas geométricas.
Trata-se, mais precisamente, de um dos pilares da arquitetura modernista. É ele que reflete, segundo especialistas, a busca por simplicidade, funcionalidade e, de novo, a ruptura com estilos anteriores que valorizavam o ornamento.
A arquitetura modernista rejeita a extravagância e, no lugar dela, quer um design racional, onde as formas geométricas claras – retângulos, cubos, cilindros – sejam os grandes protagonistas das estruturas. Eficientes e esteticamente puros. Essa abordagem não só simplificou a construção, mas também trouxe uma estética de vanguarda que é admirada e replicada ainda nos dias de hoje.
Como exemplos desse traço podemos citar a Villa Savoye, de Le Corbusier e construída em 1931, e a Casa Farnsworth, projetada por Mies van der Rohe em 1951. Na primeira, o Le Corbusier utiliza linhas retas e uma planta geométrica para destacar sua visão do que chamou de “máquina de morar”, enfatizando a funcionalidade. A segunda consiste em uma estrutura minimalista feita de vidro e aço, com uma geometria simples e sem divisões complexas, onde o foco é a relação entre o espaço interno e o externo.
Famosas, as estruturas em concreto e aço, transformaram-se em outra marcar registrada da arquitetura modernista. O concreto armado e o aço trouxeram possibilidades inéditas de construção no início do Século 20, permitindo edifícios mais altos, com vãos livres e designs mais ousados.
Novamente, o brasileiro Oscar Niemeyer foi um dos maiores expoentes no uso desses materiais na arquitetura modernista. Um exemplo clássico: o Palácio do Planalto, em Brasília, cuja estrutura em concreto aparente é sustentada por finas colunas que dão uma sensação de leveza, desafiando a rigidez do material. Mas é possível citar também a Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, em Minas Gerais, onde o concreto é moldado em formas curvilíneas, algo até então impensável com materiais mais tradicionais.
Ainda na linha da funcionalidade e da concretude substituindo o alusivo, temos a constante presença de janelas amplas como outro traço marcante da arquitetura modernista, ao lado da busca por integração com a natureza nos projetos.
Tratam-se de elementos que levam e permitem uma conexão fluida entre o interior dos edifícios e o “mundo natural”, priorizando a luz natural e vistas panorâmicas. Essa filosofia arquitetônica, que busca integrar as construções à paisagem ao redor, contrasta com estilos anteriores, nos quais as janelas eram mais restritas e a separação entre o ambiente interno e externo era mais marcada.
Um dos exemplos mais emblemáticos dessa abordagem é a Casa de Vidro, projetada por Lina Bo Bardi em São Paulo. Construída em 1951, possui uma fachada quase completamente transparente, que conecta o interior à vasta área verde que a rodeia. As janelas não só trazem a natureza para dentro da casa, mas também proporcionam um diálogo entre a vida cotidiana e o ambiente externo.
Inspirados por Le Corbusier, os pilotis (colunas que levantam a estrutura do solo) também são comuns na arquitetura modernista, liberando o espaço térreo e permitindo maior fluidez de circulação. Essa elevação permite que o espaço inferior do prédio seja usado de forma mais livre, facilitando a interação entre a edificação e seu entorno.
Ao mesmo tempo, a opção por fachadas livres rompe com a necessidade estrutural de paredes, possibilitando que as janelas ou estruturas divisórias sejam posicionadas de forma flexível, sem comprometer a estrutura do prédio.
Oscar Niemeyer assina alguns dos principais projetos dentro desse conceito no Brasil, como o Palácio da Alvorada, em Brasília, com suas colunas que sustentam a estrutura principal da edificação e permitem que o térreo se transforme em um espaço amplo e fluido; e o Edifício Copan, em São Paulo e outro marco da arquitetura modernista no Brasil, no qual Niemeyer utilizou essa técnica para criar um edifício que, apesar de seu tamanho imponente, possui uma base arejada e interativa com o espaço público ao seu redor, destacando a inovação no uso dos pilotis.
E não podemos deixar de citar também o prédio do Museu de Arte de São Paulo (MASP), criado por Lina Bo Bard e um dos ícones da arquitetura modernista no Brasil. O edifício é um dos cartões-postais da capital paulista, com sua estrutura suspensa e o grande vão – o “vão do MASP” – com 74 metros e que permite uso para para atividades culturais e exposições.
Arquitetura modernista: à brasileira
A arquitetura modernista brasileira foi amplamente influenciada pela vanguarda europeia. Influência essa que, bem ao sabor do movimento modernista brasileiro, foi mastigada, deglutida e devolvida em respostas que tornaram o movimento, aqui, único.
Lúcio Costa, um dos pioneiros da arquitetura modernista no Brasil, foi um dos principais responsáveis por trazer essa influência europeia para o país. Em colaboração com Le Corbusier, Costa adaptou os preceitos modernistas ao clima e às necessidades locais, como vemos no projeto do Edifício Capanema (Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro), considerado outro marco do modernismo brasileiro.
Niemeyer, por sua vez, também foi fortemente inspirado pelas formas e pela funcionalidade defendida pelo movimento na Europa, mas adicionou uma abordagem mais orgânica, visível nas curvas de concreto que marcaram sua obra. Projetos como o Conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte, surgem como exemplo, combinando o que se pode chamar de “racionalidade europeia” com uma expressividade tipicamente brasileira. O que, vale frisar, contribuiu muito para a distinção da arquitetura modernista no Brasil.
E não se pode falar em arquitetura modernista brasileira sem citar a Escola Paulista, que, com nomes como Vilanova Artigas, também absorveu fortemente a influência europeia, mas “devolveu” uma leitura que, hoje, chamaríamos de “cheia de brasilidade”, recriando os preceitos atenta ao contexto social, cultural e climático do Brasil.
Ainda esteira dessas releituras, a integração entre o espaço público e privado foi outra característica que marcou a arquitetura modernista “à brasileira”. Projetos como o Colégio Cataguases, também de Niemeyer, são exemplos da aplicação desse conceito – aliado à utilização do paisagismo para uma harmonização com o entorno.
Mais que uma inovação arquitetura, esse traço contempla uma nova filosofia urbanística, no momento em que propõe a dissolução das linhas que dividem o público e o privado, em se falando de espaços e seus usos, para promover maior interação social e, por consequência, maior qualidade de vida.
E, de novo, um dos exemplos mais emblemáticos dessa integração é o projeto de Brasília. A capital federal foi concebida para criar uma interrelação entre edifícios públicos, residenciais e espaços verdes. As “superquadras”, por exemplo, permitem que as áreas residenciais se conectem diretamente a espaços públicos e de convivência, eliminando barreiras físicas, como muros ou cercas, e favorecendo uma convivência mais próxima entre os moradores e a cidade. Ao menos, era essa a intenção do projeto.
Mas há outros representantes importantes deste viés da arquitetura modernista brasileira. O Conjunto Habitacional Pedregulho, no Rio de Janeiro, projetado por Affonso Eduardo Reidy, é um deles.
Aqui, a integração entre o público e o privado se traduz nos espaços comuns incluídos no projeto, como jardins e áreas de lazer, intercalados com as unidades residenciais, permitindo que os moradores transitem livremente entre os ambientes privados de suas casas e os espaços de uso coletivo.
Arquitetura modernista: principais obras no Brasil e no mundo
A arquitetura modernista é dos estilos arquitetônicos que mais acumula construções icônicas no Brasil e no mundo. São obras como a Casa das Canoas (1951), de Oscar Niemeyer, no Rio de Janeiro; a Glass House (1949), de Philip Johnson; e a Casa da Cascata (1939), de Frank Lloyd Wright, nos EUA; e o MASP (1968), de Lina Bo Bardi, em São Paulo.
Confira aqui alguns dos projetos mais icônicos da arquitetura modernista:
Casa das Canoas (1951), de Oscar Niemeyer
Localizada no Rio de Janeiro, foi concebida para ser residência particular do arquiteto. A obra se destaca pela integração com a paisagem natural ao redor. Com linhas sinuosas e uma laje curva, a casa é sustentada por pilotis que elevam a estrutura do chão, permitindo que o terreno rochoso e a vegetação sejam preservados. A fachada aberta e o uso de vidro permitem uma constante interação entre os espaços internos e externos, simbolizando o conceito modernista de “integração com a natureza”.
Glass House (1949), de Philip Johnson
Fica em Connecticut, EUA, e é completamente envolta por painéis de vidro, quase que desaparecendo na paisagem ao seu redor e propiciando uma visão desobstruída da natureza. O design minimalista e a ausência de divisórias internas são exemplos claros do princípio da “funcionalidade guiando a forma” defendido pela arquitetura modernista.
Casa da Cascata (1939), de Frank Lloyd Wright
Também no EUA, na Pensilvânia, o projeto coloca a casa diretamente sobre uma cachoeira, criando uma relação simbiótica entre a arquitetura e a natureza. Wright utilizou concreto e pedra para incorporar elementos naturais ao design da casa, resultando em uma obra que parece emergir do próprio ambiente ao seu redor.
Museu de Arte de São Paulo – MASP (1968), de Lina Bo Bardi
Um dos cartões-postais da cidade de São Paulo, o edifício salta na paisagem da Avenida Paulista, onde se localiza, por sua estrutura suspensa, com um vão livre de 74 metros utilizado para atividades culturais e exposições. A transparência das fachadas de vidro oferece uma interação visual constante entre o interior do museu e a cidade ao redor.
Farnsworth House (1951), de Mies van der Rohe
O projeto localizado em, em Illinois, EUA, foi pensado para ser uma residência de fim de semana para a médica nefrologista Edith Farnsworth. A casa, feita de vidro e aço, é elevada sobre pilares para proteger a estrutura de inundações e permitir uma vista privilegiada do entorno. O uso de grandes janelas e espaços abertos exemplifica a abordagem minimalista da arquitetura modernista.
Villa Savoye (1931), de Le Corbusier
Neste projeto realizado em Poissy, na França, a arquitetura modernista se mostra no uso de pilotis, na fachada livre, nas amplas janelas, no terraço-jardim e na planta livre. A casa foi projetada como uma “máquina de morar”, segundo Le Corbusier, com um design funcionalista que privilegia a paisagem do entorno e mira também o bem-estar dos ocupantes.
Centro Georges Pompidou (1977), de Renzo Piano e Richard Rogers
Localizado em Paris, o Centro Georges Pompidou representa o chamado modernismo tardio e se destaca pela sua estrutura exposta, com tubos de ventilação e outros elementos mecânicos visíveis do lado de fora. Esse estilo permitiu um interior especialmente funcional, dada a vocação do prédio, com espaços amplos para exposições e eventos culturais.
Eames House (1949), de Charles e Ray Eames
Em Pacific Palisades, na Califórnia (EUA), a casa foi construída com materiais industrializados pré-fabricados, tornando-se um exemplo mundial da eficiência e da simplicidade defendidas pela arquitetura modernista. A estrutura promove a característica integração entre os ambientes internos e a natureza ao redor, e o uso de paredes de vidro marca a intenção modernista de trazer a paisagem para dentro de casa.
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP – FAU (1969), de Vilanova Artigas
A FAU-USP é uma das obras mais icônicas de Vilanova Artigas e um dos maiores símbolos da Escola Paulista de arquitetura brutalista, consideradas por estudiosos como Reyner Banham uma “evolução” da arquitetura modernista. Projetado em colaboração com Carlos Cascaldi, o prédio é caracterizado por seu uso expressivo do concreto armado, grandes espaços internos abertos e rampas que conectam os diferentes níveis do edifício, criando uma sensação de fluidez entre os ambientes. A estrutura destaca a forma “bruta” e funcional do concreto.
Edifício Louveira (1946), de Vilanova Artigas
Localizado no bairro de Higienópolis, em São Paulo, o projeto consiste em dois blocos de apartamentos e utiliza o conceito de espaços abertos e pilotis, que permitem a circulação livre de pessoas e a integração do edifício com o entorno urbano. Estão aqui também as grandes janelas de vidro, promovendo a característica relação entre o ambiente construído e a natureza.
Estádio do Morumbi (1953-1970), de Vilanova Artigas
Exemplo de arquitetura modernista aplicada a grandes estruturas, o projeto representa uma escalada dos conceitos do estilo tanto no tamanho quanto na funcionalidade, com arquibancadas que otimizam a visão para o campo e áreas de circulação que acomodam grandes volumes de público. E uma curiosidade: o estádio é tido como um dos maiores desafios de Artigas e sua construção se estendeu por quase duas décadas.
Casa Domschke (1960), de Vilanova Artigas
A obra cuja imagem abre essa matéria é uma das mais icônicas da arquitetura modernista no Brasil. Localizada em São Paulo, a Casa Domschke foi concebida para o industrial Hugo Domschke e sua família. Caracteriza-se pelo uso extensivo de concreto armado, linhas geométricas e pela integração harmoniosa entre a residência e o jardim ao seu redor. A casa reúne inovações que características tanto na arquitetura de Artigas quanto no próprio estilo modernista, como o uso de grandes vãos livres e as onipresentes janelas amplas, seguindo o preceito de integração entre o interno e o externo. Pilotis elevam a estrutura, liberando o espaço no térreo e criando uma circulação fluida.
Casa Modernista (1928), de Gregori Warchavchik
Considerada um marco da arquitetura modernista no Brasil, tem estrutura baseada em formas geométricas simples, sem ornamentos, refletindo os princípios da funcionalidade e da simplicidade, defendidos pela arquitetura modernista. O paisagismo, projetado por sua esposa Mina Klabin, também seque o ideal modernista ao incorporar espécies tropicais. Concebida para ser a residência de Warchavchik, foi tombada pelo Patrimônio Histórico em 1984.
Arquitetura modernista: principais nomes
A arquitetura modernista reúne alguns dos maiores nomes da arquitetura mundial e destaca especialmente criadores brasileiros entre os melhores do mundo. Figuras como Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e Vilanova Artigas não apenas trouxeram o movimento ao Brasil como, aqui, o reinventaram, adaptando os preceitos à nossa realidade, cultura e clima.
Conheça alguns dos arquitetos modernistas mais influentes:
Oscar Niemeyer (1907-2012), brasileiro
Niemeyer é um dos nomes mais influentes da arquitetura modernista mundial e o principal arquiteto modernista brasileiro. Nascido no Rio de Janeiro, Niemeyer destacou-se por sua habilidade em trabalhar com concreto armado, criando formas esculturais e curvas que quebravam com a rigidez tradicional de estilos anteriores. Foi um dos principais responsáveis pelo projeto de Brasília, onde deixou sua marca em edifícios como o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a Catedral Metropolitana. Suas obras também incluem o Edifício Copan, em São Paulo, e o Museu de Arte Contemporânea de Niterói.
Le Corbusier (1887-1965), suíço-francês
Nascido Charles-Édouard Jeanneret-Gris, é pioneiro na integração entre arquitetura e urbanismo, estabelecendo os “cinco pontos da arquitetura moderna”, que incluem 1) pilotis, 2) fachada livre, 3) planta livre, 4) terraço-jardim e 5) janelas em fita. Seus projetos mais conhecidos incluem a Villa Savoye, ícone da arquitetura modernista, e o plano urbanístico de Chandigarh, na Índia. Le Corbusier foi uma figura central no desenvolvimento do movimento modernista, influenciando gerações de arquitetos com sua abordagem racionalista e funcionalista.
Lina Bo Bardi (1914-1992), ítalo-brasileira
Apesar da origem estrangeira, se tornou uma das arquitetas mais respeitadas do Brasil, e que mais representam uma arquitetura brasileira, após se mudar para cá, em 1946. Suas obras combinam uma abordagem modernista com uma sensibilidade social e cultural profundamente nossa. Entre as mais conhecidas estão o Museu de Arte de São Paulo – MASP, com sua estrutura suspensa inovadora; e o Sesc Pompeia, também em São Paulo, onde uniu modernismo e elementos da cultura popular brasileira. Lina também foi uma defensora do uso de materiais locais e da arquitetura vernacular, transformando o cenário arquitetônico brasileiro com um olhar humanista.
Frank Lloyd Wright (1867-1959), norte-americano
Frank Lloyd Wright é considerado um dos maiores arquitetos do Século 20 e é precursor do conceito de “arquitetura orgânica”. Acreditava que os edifícios deveriam se harmonizar com o ambiente ao redor, como visto na icônica Casa da Cascata (Fallingwater), que se integra à paisagem natural. Wright também assina o projeto do Museu Guggenheim, em Nova York, um marco da arquitetura moderna. Suas obras influenciaram a arquitetura residencial e institucional, sempre propondo a integração entre o ambiente construído e a natureza.
Vilanova Artigas (1915-1985), brasileiro
João Batista Vilanova Artigas foi um dos principais arquitetos da chamada Escola Paulista de Arquitetura. Foi também um dos grandes expoentes da chamada arquitetura brutalista no Brasil, considerada uma “evolução” da arquitetura modernista pela abordagem que enfatiza o concreto aparente e a funcionalidade dos espaços. Artigas foi professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU-USP, tendo projetado o próproio edifício que hoje abriga a faculdade. Suas obras são marcadas pela preocupação com o espaço público e a integração social, como no Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado e no Estádio do Morumbi, ambos em São Paulo. Seu legado ainda é referência na arquitetura moderna brasileira.
Paulo Mendes da Rocha (1928-2021), brasileiro
Com uma trajetória marcada por projetos de grande impacto social e cultural, Paulo Mendes da Rocha tem uma obra caracterizada pelo uso ousado do concreto armado e pela simplicidade brutalista. Ele foi responsável, para citar apenas um exemplo, pelo projeto do Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), em São Paulo. Em 2006, recebeu o Prêmio Pritzker, o maior da arquitetura mundial, por sua importância para a arquitetura contemporânea.
Lúcio Costa (1902-1998), brasileiro
Especialmente conhecido por projetar o Plano Piloto de Brasília, ao lado de Oscar Niemeyer, Costa nasceu na França, mas teve toda sua formação no Brasil. Foi pioneiro na introdução da arquitetura modernista no país, influenciado por Le Corbusier, entre outros expoentes europeus. Sua colaboração com Niemeyer em Brasília é amplamente considerada uma das maiores realizações do modernismo. Costa propôs um design que refletia os princípios do urbanismo moderno, com a integração de espaços públicos amplos e uma organização funcional que priorizava a fluidez do tráfego e a interação social.
Roberto Burle Marx (1909-1994), brasileiro
Mais conhecido por seu trabalho como paisagista, foi também uma figura importante na arquitetura modernista brasileira. Revolucionou o design de jardins com o uso de plantas nativas brasileiras e um estilo modernista que valorizava formas abstratas e orgânicas. Burle Marx colaborou com grandes arquitetos como Oscar Niemeyer e Lúcio Costa em projetos tais quais o Parque do Flamengo, no Rio de Janeiro, e os jardins de Brasília.
Gregori Warchavchik (1896-1972), ucraniano-brasileiro
Nascido em Odessa – na época, parte do Império Russo (atual Ucrânia), mudou-se para o Brasil em 1923. Naturalizou-se brasileiro em 1927, mesmo ano em que projetou sua casa, em São Paulo, conhecida como Casa Modernista e considerada a primeira residência do estilo no Brasil. Influenciado pelos princípios da racionalidade e da simplicidade, Warchavchik rejeitava a ornamentação decorativa e defendendo uma arquitetura funcional.
Escola Paulista
Representada por Vilanova Artigas e outros arquitetos – entre eles, Paulo Mendes da Rocha –, a Escola Paulista teve grande influência na arquitetura brutalista brasileira. Este movimento defendia a exposição dos materiais de construção, como o concreto aparente, e uma arquitetura que fosse acessível e funcional, com ênfase em espaços abertos e democráticos. As obras criadas por esses arquitetos seguem como marcos na paisagem urbana de São Paulo, reforçando o legado da arquitetura modernista brasileira.
Walter Gropius (1883-1969), alemão
Walter Gropius foi o fundador da Bauhaus, uma das escolas mais influentes na formação da arquitetura e do design modernista. Ele acreditava na integração das artes e da tecnologia, desenvolvendo um estilo arquitetônico que favorecia a funcionalidade e a simplicidade, com uso de materiais industriais como o vidro e o aço. Após a ascensão do nazismo, Gropius migrou para os EUA, onde influenciou uma nova geração de arquitetos com seu trabalho no Massachusetts Institute of Technology – MIT. Suas obras e sua filosofia de design influenciaram profundamente o modernismo mundial.
Mies van der Rohe (1886-1969), alemão-americano
Famoso pela máxima “menos é mais”, Mies foi diretor da Bauhaus e depois emigrou para os Estados Unidos, onde desenvolveu alguns de seus projetos mais icônicos, como o Seagram Building, em Nova York, e a Casa Farnsworth, em Illinois. Sua obra é marcada pelo uso de vidro e aço, com ênfase em linhas simples e formas geométricas claras, representando o auge do caráter minimalista da arquitetura modernista.
Alvar Aalto (1898-1976), finlandês
Outro expoente na combinação do funcionalismo com as formas orgânicas. Trabalhou em uma variedade de projetos – em design de móveis e planejamento urbano, além da arquitetura, e assinou obras como o Sanatório de Paimio e a Biblioteca Viipuri, exemplos de sua abordagem humanista e da integração da arquitetura com a natureza. Aalto é conhecido por priorizar o bem-estar humano e o uso de materiais naturais como a madeira.
Louis Kahn (1901-1974), norte-americano
Famoso por sua abordagem monumental – e até “espiritual”, segundo algumas análises – da arquitetura modernista. É conhecido por obras como o Salk Institute, na Califórnia, e a Biblioteca Phillips Exeter Academy, em New Hampshire. Kahn utilizava os preceitos da arquitetura modernista para criar edifícios que transmitissem uma sensação de permanência e solidez, enfatizando a luz e a materialidade.
Jørn Utzon (1918-2008), dinamarquês
Suas obras foram fortemente influenciadas pelas formas orgânicas, além da sua fascinação por culturas não ocidentais, como a islâmica e a maia. Utzon é mais conhecido por projetar a Ópera de Sydney, um ícone mundial do estilo. Mesmo tendo que abandonar o projeto da casa de ópera, por desacordos com o governo australiano, sua marca já estava registrada pela abordagem vanguardista de seus trabalhos.
Pierre Jeanneret (1896-1967), suíço
Primo de Le Corbusier, colaborou de perto com ele durante grande parte de sua carreira, contribuindo para muitos dos projetos emblemáticos do movimento modernista. Um dos destaques de sua carreira foi sua participação no projeto da cidade de Chandigarh, na Índia, onde trabalhou como arquiteto-chefe após a independência do país, projetando diversos edifícios públicos e de habitação social. Jeanneret acreditava fortemente no modernismo como uma solução para melhorar a vida das pessoas,
Richard Neutra (1892-1970), alemão-americano
Arquiteto modernista nascido na Áustria e, mais tarde, estabelecido nos Estados Unidos, se destaca por projetos residenciais na Califórnia, onde aplicava conceitos modernistas com ênfase em funcionalidade e integração com a natureza. Neutra foi influenciado por figuras como Mies van der Rohe, e sua abordagem era voltada para criar espaços que refletissem a vida moderna. Projetos como a Casa Kaufmann, em Palm Springs, são exemplos de seu compromisso com a simplicidade e a interconexão dos espaços internos e externos.
expresso.arq sobre artigo de Julio Caldeira