O que faz um arquiteto e urbanista?
Neste domingo, 15 de dezembro, é comemorado o Dia do Arquiteto e Urbanista. A data da celebração é em homenagem ao aniversário de Oscar Niemeyer, nascido nesse dia em 1907. Está pensando em se profissionalizar na área? Para esclarecer as questões acerca do ofício, conversamos com Carlos Leite, arquiteto e urbanista, professor e diretor da FAU-Mackenzie. Confira a seguir as perguntas e respostas mais frequentes.
O arquiteto e urbanista trabalha em diversas escalas, com um leque bastante diversificado de atuação: desde o design de móveis, interiores e iluminação até a elaboração de projetos residenciais, comerciais, planejamento de cidades, planos diretores, entre outras funções. Muitas vezes, há também a possibilidade de se especializar em um assunto, como, por exemplo, a arquitetura hospitalar e o estudo de edifícios corporativos.
Além disso, atualmente, os urbanistas são chamados a trabalhar em questões ambientais, uma vez que a crise climática está diretamente associada às grandes cidades. Assim, o papel desse profissional tem se tornado ainda mais fundamental.
Como é o trabalho do arquiteto e urbanista?
O trabalho de um arquiteto e urbanista é amplo, variado e essencial para garantir qualidade, funcionalidade e sustentabilidade nos espaços construídos e planejados. Esse profissional atua tanto em projetos arquitetônicos quanto em iniciativas de planejamento urbano, sempre colaborando com engenheiros civis e outros especialistas durante as obras e no desenvolvimento de soluções inovadoras.
No âmbito da arquitetura, o arquiteto projeta interiores de residências, escritórios, apartamentos, hotéis, hospitais e edifícios em geral. Já na área de urbanismo, o foco está em desenhar bairros, planejar cidades ou até mesmo trabalhar com planejamento regional. O urbanista também pode atuar em parceria com ambientalistas, lidando com desafios como mudanças climáticas e o desenvolvimento de cidades mais sustentáveis.
Uma questão emergente e de grande relevância na América Latina e no Brasil é a criação de cidades mais inclusivas socialmente. Isso inclui projetos voltados à urbanização de favelas, o urbanismo social e a melhoria de assentamentos precários, práticas que ganharam destaque com experiências como a de Medellín, na Colômbia, e que vêm sendo adotadas em várias regiões brasileiras.
Como se tornar um arquiteto?
Para se tornar arquiteto, é necessário cursar uma graduação em Arquitetura e Urbanismo, que tem duração de cinco anos. Esse curso oferece uma formação abrangente, preparando o estudante para atuar em diversas áreas, como projetos arquitetônicos, planejamento urbano, design de interiores e muitas outras.
No Brasil, há centenas de escolas de Arquitetura distribuídas por todo o país, com diferentes níveis de qualidade. É importante pesquisar e escolher uma instituição que ofereça uma formação sólida e alinhada aos seus objetivos profissionais. Durante o curso, os estudantes aprendem não apenas sobre estética e funcionalidade, mas também sobre sustentabilidade, urbanismo e técnicas construtivas.
Quanto ganha um arquiteto e urbanista?
A faixa salarial de um arquiteto e urbanista no Brasil pode variar bastante, e a recomendação oficial do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) é que o piso salarial seja equivalente a 8,5 salários mínimos. Carlos Leite salienta que, no entanto, essa é apenas uma orientação, e a prática do mercado frequentemente diverge desse padrão.
“Arquitetos recém-formados, ou de nível júnior, geralmente recebem cerca da metade desse valor, o que equivale a aproximadamente 4,25 salários mínimos. Com o passar dos anos, à medida que o profissional adquire experiência e constrói um portfólio sólido, sua remuneração tende a se aproximar do valor recomendado pelo CAU”, diz.
Após 5 a 10 anos de carreira, a média salarial pode alcançar valores entre 12 e 15 salários mínimos, dependendo da área de atuação e da localização do profissional. É importante destacar que o mercado de arquitetura é bastante variável. Profissionais que atuam em grandes escritórios ou em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro podem alcançar ganhos significativamente mais altos, especialmente quando possuem uma carteira de projetos consolidada e de grande porte.
Qual a história da arquitetura e urbanismo no Brasil?
A arquitetura no Brasil tem suas raízes desde os primeiros assentamentos, atendendo à necessidade de abrigo e funcionalidade nas construções. No entanto, um dos grandes marcos históricos da arquitetura brasileira aconteceu no início do século XX, com a chegada do movimento modernista, como aponta Carlos Leite.
Esse movimento ganhou destaque com a Semana de Arte Moderna de 1922, que trouxe uma renovação estética e conceitual para as artes e, consequentemente, influenciou a arquitetura. A arquitetura moderna, que já vinha se desenvolvendo na Europa, especialmente na Alemanha com a Bauhaus, e sob a liderança do franco-suíço Le Corbusier, chegou ao Brasil com grande força. Le Corbusier, considerado o pai da arquitetura moderna, influenciou profissionais em todo o mundo, inclusive grandes nomes da arquitetura brasileira.
No Brasil, dois expoentes se destacam no cenário modernista: Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Juntos, eles foram responsáveis por projetos icônicos, especialmente a concepção de Brasília. Outro exemplo importante é o edifício do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro, construído em 1936, que representa um divisor de águas na arquitetura brasileira moderna.
Além desses nomes, destaca-se a arquiteta Lina Bo Bardi, autora do projeto do MASP (Museu de Arte de São Paulo), um dos marcos da arquitetura paulistana e nacional. Sua obra evidencia a criatividade e a funcionalidade da arquitetura modernista.
A arquitetura brasileira, portanto, consolidou-se ao longo do tempo como uma expressão de modernidade e inovação, com influências internacionais que foram adaptadas às necessidades e à cultura do país.
expresso.arq com informações de Gustavo Frank