Como os cães se mantêm quentes no frio? Especialistas explicam!
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Com a queda da temperatura entre o outono e o inverno, muitos cães já andam pela casa com roupas. Ou então, os moradores adicionam mantas e cobertores nas camas de seus pets.
Esses métodos ajudam os animais a se manterem aquecidos, mas eles também possuem os próprios comportamentos e características que os ajudam a manter o corpo quente. Por exemplo, nessa época, é comum observar os cachorros se deitarem em uma posição bem enrolada, justamente para conservar o calor e ficar mais confortável.
“Em dias frios, os cães buscarão abrigos mais favoráveis como estratégia. Ainda, quando o céu está limpo, eles poderão procurar áreas mais expostas ao sol”, explica Vinícius de França Carvalho Fonsêca, pesquisador do Laboratório de Biometeorologia Animal na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP (FCAV-UNESP).
Ele também lembra que se o pet conviver com outros animais em casa, é provável que eles fiquem mais juntinhos ao se deitar.
Atividades físicas aquecem os cães
Manter uma rotina de exercícios físicos no frio nem sempre é uma tarefa fácil. Um estudo publicado na revista científica Animals realizou uma entrevista com pouco mais de 3 mil pessoas, entre maio e dezembro de 2018.
Conforme os pesquisadores do Reino Unido, os tutores relataram que seus cães foram mais afetados pelo frio – com 48,2% menos probabilidade de exercitar o animal –, do que pela chuva – 25,3% menos provável.
No entanto, os exercícios em dias mais frescos são aliados quando se trata do aquecimento corporal. “O aumento da atividade dos músculos incrementa a taxa de produção de calor metabólico”, diz Vinícius.
Camilli Chamone, geneticista e consultora em bem-estar e comportamento canino, complementa que correr, andar e movimentar os músculos são muito eficientes.
Mas se atente aos horários e as condições climáticas de ambientes abertos.
Nas horas de temperaturas muito baixas e com ventos fortes, o pesquisador orienta cuidado para não expor os animais a essas condições.
“A taxa de produção de calor metabólico pode não ser suficiente para compensar as de transferência de calor do animal para o ambiente, tornando-o suscetível à hipotermia”, destaca o pesquisador.
Os cães são adaptados ao frio?
Como seu ancestral – lobo-cinzento – vive em regiões geladas, pode-se pensar que os cachorros também são adaptados a condições climáticas semelhantes. Na verdade, apesar das origens do animal, isso não significa que todos os cães são adaptados ao frio.
Conforme Vinícius, devido à seleção artificial desses animais, eles sofreram mudanças significativas em suas características fenotípicas. “Atualmente, existem mais de 400 raças de cães que variam muito em tamanho e conformação corporal”, aponta. “Por isso, várias raças contemporâneas possuem traços que as tornam mais sensíveis ao frio que outras.”
Além do lobo-cinzento, Camilli destaca que os cães puxadores de trenós no gelo, por exemplo, são “habituados e biologicamente adaptados ao clima frio”. O cuidado com essa questão é não generalizar.
“No Brasil, onde a maioria dos cães é protegida do frio por morar em casa, usar roupas ou viver em uma região de clima quente, as temperaturas muito baixas podem causar estranhamento e sensibilizar a pele”, diz a geneticista.
Cães que precisam de mais atenção no frio
Animais com pouco pelo podem ser mais vulneráveis às temperaturas baixas, como aponta Camilli. “Os galgos [raça], que possuem uma fina camada de gordura sob a pele, também tendem a ser mais sensíveis”, complementa.
Para essas situações, ela recomenda disponibilizar cobertores e mantas, além de proteger cães em ambientes abertos. “Se o animal dorme em área externa, por exemplo, é interessante providenciar uma casa com papelão no chão”, finaliza.
expresso.arq sobre artigo de Jennifer de Carvalho