Quanto custa contratar um arquiteto?

Já pensou em encarar uma reforma sem um arquiteto? Ou nos erros que podemos cometer ao escolher móveis sem a orientação de um designer de interiores? Não há discussão: esses profissionais são fundamentais para a elaboração e acompanhamento de projetos residenciais, comerciais, corporativos ou institucionais. Mas quanto custa contratá-los?

Não há uma resposta única para essa questão. Isso porque existem muitas variáveis: escopo, complexidade, tamanho, duração, tipologia de edificação, padrão, região do Brasil. “A reforma de um apartamento de 100 m² pode custar 20 mil, 200 mil ou dois milhões de reais”, brinca o arquiteto Rafael Amaral Tenório de Albuquerque, conselheiro federal do CAU/BR. E a remuneração do arquiteto ou designer de interiores responsável pelo projeto vai ser proporcional a isso.

Ainda assim, tanto o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), quanto a Associação Brasileira de Designers de Interiores (ABD) oferecem tabelas de honorários em que os profissionais – e também os contratantes do serviço – podem se basear.

Em linhas gerais, para fazerem uma boa precificação de projeto, os arquitetos ou designers de interiores precisam ter noção dos custos fixos do próprio escritório. E isso pode variar muito, até numa mesma região, especialmente com as possibilidades de atendimento remoto. “Um escritório com sede física e 10 arquitetos contratados terá custos bem diferentes do que um arquiteto que trabalha sozinho, em home office na casa dos pais”, compara Rafael.

A presença do arquiteto na obra, garantindo a execução do projeto, é fundamental, segundo conselheiro do CAU — Foto: Pexels/Pavel Danilyuk/Creative Commons
A presença do arquiteto na obra, garantindo a execução do projeto, é fundamental, segundo conselheiro do CAU — Foto: Pexels/Pavel Danilyuk/Creative Commons

E as entregas desses dois escritórios também serão diferentes. “Vinte imagens e uma planta não caracterizam um projeto de arquitetura”, alerta Rafael. O trabalho do arquiteto deve ser muito mais aprofundado e detalhado do que isso. Ainda que o acompanhamento teoricamente seja opcional, ele é fortemente recomendado, para garantir uma boa execução.

Saber detalhadamente o que o serviço inclui, ou não, é a única maneira de evitar frustrações de ambos os lados. Para fugir de mal entendidos, é importante a elaboração de um contrato que, mais do que o valor final, especifique o escopo do serviço prestado pelo profissional. E tudo isso deve ser definido antes, não durante o projeto.

Finalmente, ainda que os custos sejam o principal fator a compor o preço de um projeto, não se pode ignorar a concorrência. É normal que os arquitetos e designers de interiores chequem com colegas de profissão o quanto estão cobrando, para praticarem um preço compatível com o mercado – nem alto demais que perca a competitividade, nem baixo demais que não traga lucro.

Quanto custa contratar um arquiteto, segundo o CAU

O CAU e a UIA recomendam que o arquiteto ganhe um percentual sobre o custo da obra, que pode variar entre 2% e 11% — Foto: Pexels/Kaboompics.com/Creative Commons
O CAU e a UIA recomendam que o arquiteto ganhe um percentual sobre o custo da obra, que pode variar entre 2% e 11% — Foto: Pexels/Kaboompics.com/Creative Commons

Em 2014, o CAU publicou sua tabela de honorários, resultante do trabalho de pesquisa, sistematização e debates entre os arquitetos e urbanistas brasileiros, realizado entre os anos de 2008 a 2014. Ainda que a tabela possa ser consultada, ela não visa se sobrepor à negociação entre arquiteto e cliente, com os valores podendo variar dependendo da conjuntura econômica, capacidade de produção, potencial criativo e capacidade administrativa de cada empresa ou profissional, entre outros fatores.

O CAU sugere duas modalidades de remuneração para arquitetos. A primeira é o percentual sobre custo da obra, em que os honorários são calculados com base em um percentual sobre o custo estimado de execução da obra. É o critério recomendado pela União Internacional de Arquitetos (UIA), e historicamente adotado pelas entidades que compõem o Colegiado Permanente das Entidades de Arquitetos e Urbanistas (Ceau), composto por associações como a Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (Asbea), o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e o próprio CAU.

O fator percentual do arquiteto pode variar de 2% a 11% do custo estimado da obra, dependendo da área e da tipologia da edificação. Por exemplo, para uma residência de alto padrão de até 250 m², a remuneração do arquiteto será de 11% do custo da obra. Mas se a residência tiver 1.000 m², o percentual cai para 8,48%. Já para um projeto de habitação de interesse social de 2.000 m² seria de 4,97%.

O CAU também oferece uma tabela com o custo estimado do m² para cada tipologia de edificação. A residência de alto padrão tem custo estimado de R$ 2.671 por m². Então, se considerarmos um projeto de até 250 m², aplicando o percentual de 11%, o valor do projeto seria de R$ 293 por m².

O CAU ainda sugere que esse valor possa ser ajustado dependendo do grau de complexidade de cada projeto, considerando, por exemplo, grau de detalhamento, grau de responsabilidade civil, grau de intervenção do cliente, expectativa plástica, indefinição do escopo e indefinição do prazo. Se eles forem considerados muito altos, o valor do m² pode ser multiplicado por 1,3. Se forem baixos, por 0,7, diminuindo o valor do projeto.

A segunda possibilidade apontada pelo CAU é o cálculo pelo custo do serviço. Nesta modalidade de remuneração, o preço é calculado pela soma dos custos para a realização dos serviços.

PV = ET + CE + AT + DD

  • PV: Preço de venda;
  • ET: Equipe técnica, o custo direto estimado das horas da equipe técnica permanente;
  • CE: Consultores externos, o custo direto estimado para pagamento a consultores externos;
  • AT: Apoio técnico, o custo direto estimado para pagamento a empresas prestadoras de serviços complementares;
  • DD: Outras despesas diretas, estimadas para pagamento de outras verbas necessárias para a realização dos serviços tais como locação de veículos, viagens, hospedagem, impressões etc.

Quanto custa contratar um designer de interiores, segundo a ABD

A média do valor do metro quadrado cobrado por designers de interiores varia bastante dependendo da região do Brasil, segundo a ABD — Foto: Pexels/Yan Krukau/Creative Commons
A média do valor do metro quadrado cobrado por designers de interiores varia bastante dependendo da região do Brasil, segundo a ABD — Foto: Pexels/Yan Krukau/Creative Commons

A ABD também sugere duas maneiras para que os designers de interiores calculem o preço dos projetos, uma com base no mercado, outra nos custos. E oferece um aplicativo exclusivo para os associados, facilitando esses cálculos. Ainda assim, a associação reforça que cada profissional tem a liberdade de definir o valor dos seus serviços, considerando diversos fatores, como experiência, complexidade e prazo.

A primeira sugestão de valor oferecida pela ABD é por metro quadrado de projeto. E ele varia dependendo da região do Brasil: R$ 152 no sudeste, R$ 91,20 no nordeste, R$ 270 no sul, R$ 81,07 no norte e R$ 190 no centro-oeste. Esses valores são baseados na média do mercado de cada região.

A segunda sugestão da ABD é o cálculo de custo de produção. Neste caso, o profissional pode preencher no aplicativo seus custos fixos e eventuais e o percentual de lucro desejado. Assim, o aplicativo calcula o custo da hora de trabalho do designer de interiores.

Uma terceira possibilidade, não prevista pelo aplicativo da ABD, mas aceita pela associação, é a cobrança de um percentual sobre o valor total dos móveis, acabamentos e outros itens comprados para o projeto, podendo variar entre 10% e 20%, dependendo do projeto e do acordo com o cliente.

Dicas ao contratar um arquiteto ou designer de interiores

Um contrato detalhando todas as atividades é muito importante na contratação de um arquiteto ou designer de interiores — Foto: Pexels/MART PRODUCTION/Creative Commons
Um contrato detalhando todas as atividades é muito importante na contratação de um arquiteto ou designer de interiores — Foto: Pexels/MART PRODUCTION/Creative Commons

Ambas as associações, CAU e ABD, reforçam, acima de qualquer tabela, a importância da transparência na negociação entre profissional e cliente. Os profissionais devem ser claros sobre todos os detalhes e valores antes de iniciarem o trabalho. Se houver alguma dúvida, não hesite em perguntar e exigir a descrição por escrito no contrato.

Além dos valores descritos aqui, também sempre é possível fazer mais de um orçamento para comparação, lembrando que pode haver variação dependendo da região. Só não esqueça de comparar mais do que o preço, mas também a qualidade do serviço e a amplitude do escopo. Como sempre, o barato pode sair caro.

Pior ainda é realizar uma obra sem um projeto de arquitetura ou design de interiores. “Não é artigo de luxo. Bons projetos melhoram a vida das pessoas”, conclui Rafael.

expresso.arq com informações de Maria Silvia Ferraz

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